Futebol, palco dos ídolos
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  • Foto do escritorAgência ZeroUm

Futebol, palco dos ídolos

Atualizado: 6 de abr. de 2021

A divindade que reside no futebol carioca para além das quatro linhas.

Foto: Wix Media.
Foto: Wix Media.

Mentalmente, em resposta à palavra, saltam inúmeros nomes do passado como Zico, Dinamite, Garrincha, Castilho. E alguns contemporâneos como Gabigol, Edmundo, Túlio, Fred. Quatro grandes camisas do futebol do Rio de Janeiro e ídolos de épocas distintas. Mas, o que faz alguém ser ídolo? As conquistas ou a relação com o clube? Aliás, o que é um “ídolo”?


De acordo com a mitologia grega, é, originalmente, um objeto de adoração que representa materialmente uma entidade espiritual ou divina, e frequentemente é associado a ele poderes sobrenaturais, ou a propriedade de permitir uma comunicação entre os mortais e o outro mundo. Assim, quantos de nós, simples mortais, nunca demos super poderes àqueles que vestiam a camisa de nosso time de coração? Quantas vezes não os tratamos como santos? Quantas vezes não rimos do torcedor adversário com a supremacia de uma entidade superior?


Zico, o maior ídolo da história do Flamengo, fez parte de um grande time, que ganhou tudo o que foi possível. Era o líder de um elenco repleto de grandes jogadores na sua geração. E, mesmo assim, não se incomodava de dar carrinho perto da lateral par ‘acordar’ os companheiros. Não se incomodava de jogar lesionado para ajudar o time numa situação delicada. Mas existem outras características, no corte de tempo da atualidade, Gabigol é o ídolo das crianças pela forma como comemora cada gol, por conta do seu corte de cabelo, recordes e tem sua comemoração imitada até por outros jogadores profissionais.

No Vasco da Gama, havia um tal de Dinamite - o garoto explosão, que é maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, ganhou a edição de 1974 e algumas edições do Carioca. Mais recentemente, Edmundo ganhou um Brasileiro, Carioca. Como poucos, o ‘Animal’ encarnava o espírito do torcedor. A luta incessante. A raça. O desprendimento. E não se conformava com a derrota.


No Alvinegro de General Severiano, temos uma seleção. Mas o que talvez chame sempre mais atenção é o Mané Garrincha. Falar o quê do Anjo de Pernas Tortas? Dispensa apresentações. Sua ingenuidade era genial. Sua genialidade era ingênua! Queria apenas jogar bola. Fosse na Suécia, fosse em Pau Grande. Não interessava a camisa que vestia. Partia ‘pra’ cima dos adversários onde quer que fosse, do mesmo jeito, no mesmo ritmo. E passava por eles, um a um.

o Maravilha, sobrenome assumido por Túlio e referendado por Dadá, foi longe de ser um virtuoso com a bola. Artilheiro e vitorioso em campo, sabia promover o espetáculo. Era um show à parte. Gols de canela, de calcanhar, impedido... Não importava! A torcida do Botafogo vira nele, além de goleador, um personagem tipicamente carioca, que estava se divertindo como criança em cada comemoração.


O Fluminense teve Castilho, o primeiro a ser citado na escalação. O dono da leiteria apelido comum à época para pessoas que tinham sorte. Reza a lenda que, apaixonado pelo clube, chegou a amputar um dedo para acelerar o processo de “cicatrização” de uma contusão. Não tem como ser mais apaixonado! O recordista de atuações com a camisa do tradicional tricolor das Laranjeiras. Fred. Aclamado pela torcida com um cântico que faz referência ao personagem Fred Kruger, fez gols e conquistou títulos nacionais com a camisa 9. Foi embora de mal com boa parte da torcida, mas faz juras eternas e diz que gostaria de encerrar a carreira nas Laranjeiras.


Foto: Wix Media.
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O futebol mexe com os sentimentos mais primários do ser humano. Do presidente da República ao mais simples funcionário da casa presidencial. Do Papa ao mais religioso dos ateus. Do cego, que só ouve o jogo, ao surdo, que só vê.


Isso é o futebol! Ele nos faz crer que algo milagroso possa acontecer. Ele nos faz ter fé, ter vida, ter amigos e algozes. Mas, acima de tudo, nos faz poder usar as mesmas vestes dos heróis e bradar junto a eles na hora do gol, tornando-os igual a cada um de nós. No fim, somos todos ídolos.

Fabio Bião

SportVoice para a Agência ZeroUm.

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