Agência ZeroUm27 de abr. de 20202 min de leituraMil novecentos e noventa e nove motivosAtualizado: 17 de jun. de 2020Botafogo x Juventude, final da copa do Brasil.Torcida do Botafogo. Foto: Bruno Velasco - AG#01.Eram passados 27 dias de junho de 1999, o Botafogo enfrentaria o Juventude no Maracanã pela final da Copa do Brasil. Dois dias antes, eu completava apenas 19 anos com direito à festa temática. A comemoração maior seria no dia seguinte, no Gigante do Mário Filho.As mais de 133 mil pessoas presentes – recorde na Copa do Brasil – puderam ver grande jogo que se apresentaria. O Botafogo que vinha de uma derrota polêmica no sul, quando o meia-atacante Rodrigo teve dois gols mal anulados, precisaria reverter este resultado diante de sua torcida que coloriu de preto e branco o Rio de Janeiro.Iniciado o jogo, o Botafogo se lançou a encurralar o Juventude, que jogava pelo empate, mas o esquema tático adotado parecia não permitir que Bebeto & Cia demonstrassem o bom futebol que eram capazes. O, então, técnico Gilson Nunes – contestado no Campeonato Carioca onde o Glorioso realizada campanha pífia – já balançava no cargo mas se manteve à frente da equipe no jogo que seria o mais importante daquela temporada. A equipe criava oportunidades mas não conseguia concretizá-las. O gol não saía. Aquele empate não era suficiente.Perto do final do jogo, um episódio polêmico. Bebeto se movimentou para cobrar escanteio quando subiu a placa informando substituição do camisa 10 alvinegro. Não acreditou. Consternado permaneceu em campo e cobrou maestralmente o escanteio. O que se viu foi um quase gol olímpico, salvo com o preciosismo digno dos grandes lances históricos; havia um travessão a impedir o trunfo. A torcida explodiu em gritos, num misto de tensão e perplexidade diante do ocorrido. Após o lance, Bebeto saiu de campo sendo substituído por pelo jovem atacante Felipe (atual técnico do Red Bull - Bragantino) que nada alterou no panorama. Ao fim do jogo, Botafogo perdia mais uma chance de se consagrar no cenário nacional. Alguns mais exaltados criticavam a comissão técnica e diretoria responsabilizando ambas pelo fracasso. Gilson Nunes perdia seu cargo de técnico, mas aqueles heróis alvinegros de chuteira ganharam – de pé – os aplausos da torcida ali presente. Era um raro e belo reconhecimento pela entrega de cada um. Mesmo assim, o que aprendi naquele dia foi ser Botafoguense. Somos o time do inacreditável, do improvável, das manias, das superstições mesmo que veladas. Na volta para casa, embarcados em um ônibus, não permitimos que nos tirassem o que era nosso: a alegria.Aqueles 36km de retorno foi embalado pelo hino do hino do clube cantado pela torcida. Muitos que passavam pelo grupo se perguntavam se o Botafogo havia vencido. Na verdade, foi como um rito de passagem: “naquele dia adquirimos o coração e a pele digna de usar um manto alvinegro”. Bruno VelascoAgência ZeroUm
Botafogo x Juventude, final da copa do Brasil.Torcida do Botafogo. Foto: Bruno Velasco - AG#01.Eram passados 27 dias de junho de 1999, o Botafogo enfrentaria o Juventude no Maracanã pela final da Copa do Brasil. Dois dias antes, eu completava apenas 19 anos com direito à festa temática. A comemoração maior seria no dia seguinte, no Gigante do Mário Filho.As mais de 133 mil pessoas presentes – recorde na Copa do Brasil – puderam ver grande jogo que se apresentaria. O Botafogo que vinha de uma derrota polêmica no sul, quando o meia-atacante Rodrigo teve dois gols mal anulados, precisaria reverter este resultado diante de sua torcida que coloriu de preto e branco o Rio de Janeiro.Iniciado o jogo, o Botafogo se lançou a encurralar o Juventude, que jogava pelo empate, mas o esquema tático adotado parecia não permitir que Bebeto & Cia demonstrassem o bom futebol que eram capazes. O, então, técnico Gilson Nunes – contestado no Campeonato Carioca onde o Glorioso realizada campanha pífia – já balançava no cargo mas se manteve à frente da equipe no jogo que seria o mais importante daquela temporada. A equipe criava oportunidades mas não conseguia concretizá-las. O gol não saía. Aquele empate não era suficiente.Perto do final do jogo, um episódio polêmico. Bebeto se movimentou para cobrar escanteio quando subiu a placa informando substituição do camisa 10 alvinegro. Não acreditou. Consternado permaneceu em campo e cobrou maestralmente o escanteio. O que se viu foi um quase gol olímpico, salvo com o preciosismo digno dos grandes lances históricos; havia um travessão a impedir o trunfo. A torcida explodiu em gritos, num misto de tensão e perplexidade diante do ocorrido. Após o lance, Bebeto saiu de campo sendo substituído por pelo jovem atacante Felipe (atual técnico do Red Bull - Bragantino) que nada alterou no panorama. Ao fim do jogo, Botafogo perdia mais uma chance de se consagrar no cenário nacional. Alguns mais exaltados criticavam a comissão técnica e diretoria responsabilizando ambas pelo fracasso. Gilson Nunes perdia seu cargo de técnico, mas aqueles heróis alvinegros de chuteira ganharam – de pé – os aplausos da torcida ali presente. Era um raro e belo reconhecimento pela entrega de cada um. Mesmo assim, o que aprendi naquele dia foi ser Botafoguense. Somos o time do inacreditável, do improvável, das manias, das superstições mesmo que veladas. Na volta para casa, embarcados em um ônibus, não permitimos que nos tirassem o que era nosso: a alegria.Aqueles 36km de retorno foi embalado pelo hino do hino do clube cantado pela torcida. Muitos que passavam pelo grupo se perguntavam se o Botafogo havia vencido. Na verdade, foi como um rito de passagem: “naquele dia adquirimos o coração e a pele digna de usar um manto alvinegro”. Bruno VelascoAgência ZeroUm