Quando não conseguimos prever o fenômeno
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Quando não conseguimos prever o fenômeno

Atualizado: 10 de jun. de 2020

A miopia midiática frente aos movimentos que não se quer enxergar.

Imagem: Wix Media.
Imagem: Wix Media.

Algumas coisas acontecem longe do alcance de nossas percepções. E geralmente temos a impressão de que estas não existem. Que são fatos inexplicáveis.


Quando da trágica morte do cantor Cristiano Araújo, a comoção de muitos e a proporção que tomou fez com que uma parte considerável - na qual me incluo - não entendesse o volume da onda que arrebatou tantas opiniões e saudade. Ora, o Brasil não havia 'celebrado' Jair Rodrigues morto 1 ano antes. A confusão existente entre memória e visibilidade midiática parece querer ressignificar o existir. E muito existe para além do alcance do que podemos ver, perceber ou sentir.


No silêncio do alcance do que entendemos por existência reside muito mais do que podemos imaginar. Negligenciamos o que desconhecemos.

O sertanejo é um ritmo comum em boa parte do Brasil, longe do holofote de grandes grupos de comunicação ele existe, insiste e resiste sem fazer a força que muitos imaginam. Outros tantos ritmos seguem o mesmo destino. Simplesmente existem. Do K-Pop ao Carimbó, pelo rádio, pela web ou mesmo pela tradição se propagam. Ganham adeptos, seguidores. Fãs.


Alguém se recorda da surpresa com a multidão movimentada pelos garotos do BTS?

Na política, nos últimos anos, outros fenômenos como estes aconteceram. Apesar das intenções de votos mostrarem um recorte diferenciado. Nisso não reside uma crítica ou uma contestação ao método das pesquisas. Mas sim um questionamento dos perfis considerados, da estratificação existente e de todos os sub-grupos desconsiderados que são cada vez maiores e fazem a diferença. Cerca de 44 milhões de brasileiros foram 'descobertos' há pouco pelo Governo que estimava 'apenas' 26 milhões de pessoas a assistir. Para além de tantos outros questionamentos possíveis, cabe a pergunta: quais políticas públicas voltadas para emprego, renda, saúde e educação foram realizadas e alcançaram estas pessoas ao longo dos últimos 30 anos?


A mídia, grupo no qual me incluo, precisa entender sempre e a cada transformação, o perfil do público com quem se fala. Entender seus desejos, seus anseios e suas necessidades. Sem impor, mas propondo.

Um canal (seja em qual plataforma for), precisa saber dialogar com aquele que recebe o produto. Novos formatos, muitos antes considerados alternativos, estão mostrando que a palavra de ordem talvez seja 'reinventar'. Novos paradigmas surgem e é preciso estar atento ao movimento para que não sejamos sempre surpreendidos pela nossa falta de tato.




Bruno Velasco

Agência ZeroUm

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