COVID 360
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COVID 360

Atualizado: 22 de mai. de 2020

Brasileiros e correspondentes relatam a pandemia ao redor do mundo.


Muralha da China. Foto: Wix Media.
Muralha da China. Foto: Wix Media.

Ainda era fim de 2019, notícias esparsas ganham pouca atenção no noticiário. Quem sabe, pouca atenção do governo. Autoridades estavam ainda sem entender o problema e toda sua dimensão. Os primeiros indícios não trouxeram o alarde necessário. Fronteiras de um mundo globalizado cada vez mais conectadas pelo fluxo de pessoas, pela quantidade de voos diários capazes de miscelanear costumes, hábitos. Com o passar dos dias, a evolução da infecção ganhou corpo. Aliás, corpos. Infectou um número considerável de pessoas, que infectaram outras tantas em uma progressão digna dos roteiros de Hollywood.


No fim de ano ocidental, eclodiu no silêncio de quem quis silenciar. Na omissão daqueles que não cuidaram da pólis. A Itália optou em preservar a economia. Opção que custaria cerca de 22 mil vidas. Mas não foi apenas a questão econômica. A vida social não parou. Celebrações, shows e partidas de futebol potencializaram a transmissão. Há aqueles que digam que foram verdadeiras bombas biológicas os jogos pela Liga dos Campeões, bem como as manifestações pelo Dia Internacional da Mulher, reunindo dezenas de milhares de pessoas - de diversas partes do mundo - nas ruas do país. De joelhos, em poucos dias, a região norte do país agonizava. Mas ainda não isolada contribui para a proliferação de novos casos.


Arquivo Pessoal. Thalles Silveira.
Arquivo Pessoal. Thalles Silveira.

Em Paris, as ruas vazias dão o tom da adesão da população aliado à comunicação estratégica e de Estado que o governo francês promove. São diversos casos. Não há capacidade para testagem em massa. O sistema de saúde parece não comportar toda demanda. Alguns pacientes precisam ser transferidos para unidades no interior do país. É preciso conter o vírus. As restrições precisam ser firmes. Thalles Silveira, 29, Carioca mora em Paris há 4 anos teve de se adaptar à nova realidade: “A reclusão dura pouco mais de 40 dias. Existem limites no ir e vir. É necessário preencher um formulário online informando a necessidade para se ter autorização para sair de casa. Compras apenas de primeiras necessidades. Não obedecendo às normas previstas, multas são aplicadas”.


Em Lisboa, Pâmella Mendonça, 27, natural do estado do Rio de Janeiro relata que Portugal adotou desde muito cedo o isolamento social, com fechamento de escolas, comércios e espaços públicos. A ação coordenada produziu uma espécie de 'barreira invisível' que ajudou a reduzir os números de contágios. Quantos menos pessoas estivessem expostas, menores os riscos. E assim foi feito. A evolução da epidemia está sob controle e a taxa de ocupação de leitos não ultrapassa a marca de 60%. 'Todos estão a levar muito a sério a questão do isolamento social. Vemos poucas pessoas nas ruas, somente mesmo para fazer coisas essenciais'.


Na Dinamarca, Patricia Marão, 36, relata como é a vida pós quarentena. Algo que não se aproxima do ‘paraíso’ que muitos esperam após o controle da curva de infecção: “estivemos em quarentena do dia 12/03 até o dia 20/04, quando creches e pré-escolas reabriram. Mesmo com a reabertura gradual, a população é orientada a tomar algumas medidas de isolamento como manter as crianças longe dos idosos. Não abraçar, nem beijar pessoas que não sejam do convívio diário. Lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel. Ter um número máximo de pessoas por estabelecimento comercial. Não receber visitas em casa, não fazer festas entre outras coisas”.


Em Montreal, situado na Província de Quebeque, Canadá, Manoela Selene, 33, natural de Niterói experimenta uma realidade bem diferente da que se vive no Brasil. “A saúde pública tem conseguido atender a demanda. Na verdade, eles se prepararam de forma eficiente, com muita antecedência. E isso fez com que, mesmo agora, ainda tenhamos 80% dos leitos disponíveis nos hospitais da província”. A objetividade e a transparência em comunicar e em adotar medidas trazem os resultados que garantem o apoio ao governo em meio a uma crise de proporção mundial. Há divulgação de relatórios diários sobre a situação e, também, sobre os planos para a futura retomada das atividades.



Assunção, Paraguai. Arquivo Pessoal de Fernanda Andrade.
Paraguai. Arquivo Pessoal de Fernanda Andrade.

No Paraguai, Fernanda Andrade, 40, faz um relato dramático. Há muito miséria e um certo subdimensionamento do problema. Os paraguaios não possuem costume de procurar auxílio médico preventivo, usualmente apenas o emergencial. “Muitas vezes as pessoas adoecem, morrem e não se sabe a causa. E, em bastantes bairros da capital, os velórios ainda são realizados nas residências”. Estes fatores não seguem as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, podendo expor um número maior de pessoas à contaminação. O baixo desenvolvimento econômico e social do país, aliado aos costumes e à baixa testagem proporcionam insegurança no que diz respeito à realidade. Os números oficiais não encontram respaldo no dia a dia.


Rio de Janeiro. Foto: Bruno Velasco #AG01
Rio de Janeiro. Foto: Bruno Velasco #AG01

No Rio de Janeiro, Marcelo Duarte, 36, Técnico em Enfermagem relata que há falta de setores adequados para o atendimento dos pacientes. Este fato, agrava o fator de risco dos dois mundos da saúde, a pública e a privada, potencializando as possibilidades de transmissão do vírus, cujas estatísticas divulgadas são questionadas. "Nós, profissionais da saúde, que estamos na linha de frente, temos a total ciência que o número de casos de Covid 19 são bem maiores do que as estatísticas mostram". Para conter o avanço percebido, Hospitais de Campanha foram erguidos e cidades, como Niterói e São Gonçalo, adotaram o ‘lockdown’ como estratégia.


No Egito, nossos correspondentes informam que o Ministério da Saúde Egípcio compartilha os resultados ao vivo na TV e nas mídias sociais. Mas que Países com grande população, acreditar em números absolutos é extremamente delicado. No que tange à economia, é muito difícil encontrar uma solução ideal sem que ocorra algum tipo de impacto, com tudo a população – em linhas gerais – tem aprovado as medidas tomadas. E este resultado é devido a uma estratégia bem definida, “a comunicação oficial no Egito é equilibrada com alto nível de transparência”. Com isso, as regras de ‘lockdown’ são obedecidas. Quando não, multas severas são aplicadas.


Em Brisbane, Austrália, Evandro Mendonca, 29, e Bruna Garbuglio, 28, relatam a experiência num país em que a quarentena não é obrigatória. O governo estimula o distanciamento social e, com frequência, o Primeiro Ministro informa as novas medidas que devem ser adotadas. Na ocasião de feriados, as autoridades desestimulam viagens com intuito de evitar proliferação. Nas ruas, as pessoas devem se manter afastadas cerca de 1,5m uma das outras. Para garantir tal medida, em alguns supermercados, há controle de acesso. Outros estabelecimentos comerciais como lojas e restaurantes estão fechados há mais de 1 mês. Na ocorrência de aglomeração, o policiamento atua alertando sobre os riscos e as necessidades. “O permitido é sair apenas em 2 pessoas, de preferência a pessoa que esteja em quarentena com você”. São poucos e isolados os casos de descumprimento. Com as medidas adotadas, a quantidade de casos notificados diminuiu consideravelmente. Havendo qualquer sintoma, ou dúvida, foi disponibilizado uma ‘linha direta’ com atendimento capaz de orientar como proceder em cada situação.


O mundo em que boa parte de nós viveu antes de janeiro/2020 pode não voltar a ser o mesmo tão cedo. Vive-se o combate à Pandemia em estágios diferentes, seja no mesmo continente, estado ou país. A complexidade e o ineditismo somam ao cenário atual certo grau de perplexidade. A sociedade, em cada recorte de espaço, pode aprender muito com as experiências de hoje. Na universalização do cuidado médico, das normas sanitárias. Os próximos capítulos ainda não estão escritos. Estamos escrevendo, cada um com sua contribuição, os registros de nossa história.


Bruno Velasco

Agência ZeroUm

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